A chama, o chamado, um canto à diversidade.
"Este CD é fruto de um mutirão carinhosamente artístico. Tem o sopro dos músicos, o toque dos artistas. Imagine só a linguagem do baião nordestino com o swing sulista!"
Cearense "naturalmente ecológico", lavrador, compositor, poeta de cordel, educador... Difícil definir o cantor Zé Vicente, acima de tudo um artista em sintonia com a caminhada de seu povo, em construção permanente de relações de solidariedade por meio da arte com a gente simples que vive no campo ou à margem dos grandes centros e dos grandes acontecimentos da atualidade.
Seu mais novo CD Essa chama não se apaga, o 12o trabalho pela Paulinas-COMEP, é um chamado à vida. Carrega um tom festivo, digno da celebração dos 25 anos de uma carreira bem-sucedida que começou nas comunidades eclesiais de base, pastorais sociais da Igreja católica e movimentos populares (justamente os alvos deste trabalho), com suas celebrações, romarias, congressos, eventos de jovens, shows, festas e outras tantas manifestações populares...
O CD traz um som pontuado de simplicidade, de culturas regionais, das boas coisas de nossa terra, ao ritmo do baião, do afoxé, do maracatu, misturando acordeom, metais, sopro, cordas e muita percussão. As rimas falam de paz, criança, maturidade, ecologia, cidadania, resistência, diálogo entre raças e tradições religiosas.
A faixa Fonte viva do amor, por exemplo, encontra paralelo entre o sopro livre do Condor e o sopro do Espírito Santo, "ambos um chamado à liberdade, ao conhecimento, à diversidade... A brisa que sopra na cordilheira... A energia da luz do axé, como expressão do sopro vital de cada ser afro, tem a mesma fonte, o Espírito Santo", defende Zé.
"Precisamos respeitar e acolher as expressões populares no grande âmbito do Reino, ao qual todos somos chamados a participar: brancos, ameríndios, afro-descendentes, negros, mestiços..."
Neste trabalho, o tempero do regionalismo vem das mãos dos arranjadores Tasso Bangel, gaúcho, e Adeíldo Lopes, mineiro-capixaba. "O CD é fruto de um mutirão carinhosamente artístico. Tem o sopro dos músicos, o toque dos artistas. Imagine só a linguagem do baião nordestino com o swing sulista!", instiga o cantor.
Nos vocais, grandes surpresas: a paraibana Socorro Lira interpreta, com Zé, Baião das comunidades e Prece do Dia, composição em parceria com a poetisa piauiense Marina Costa.
Padre Zezinho, amigo de longa data, empresta a voz em Maria de Maio, homenagem às mães, especialmente dona Suzana, mãe de Zé Vicente, falecida em 2005.
Destaque, ainda, para os Pequenos Cantores da Paróquia Nossa Senhora Refúgio dos Pecadores (SP), na tocante Chama as crianças.
Cada composição nasce de experiências do compositor, no dia-a-dia, nas estradas, em movimentos populares, encontros, oficinas e cursos.
Povo Novo é a música jubilar no CD, composta em 1981, em Crateús, Ceará, espalhada pela Pastoral da Juventude do Meio Popular. Para fechar o CD, a música Ciranda da maturidade, homenagem aos idosos, especialmente aos que, com o passar dos anos, permanecem fiéis a seus ideais.
Faixas do CD:
Festa das comunidades
Povo novo
Maria de maio (homenagem às nossas mães)
Baião das comunidades
Eu sou romeiro
Fonte viva do amor
A prece do dia
Em nome de Deus
Felizes convidados
Chama as crianças
Eu vi, eu vi
Ciranda da maturidade
+ Faixa interativa